Por mais confortável que você se sinta em uma determinada situação, procure estar atento ao seu redor.
Existe um péssimo hábito, muito comum em situações de estabilidade profissional ou de evolução na carreira, de se dizer que a pessoa “chegou lá”. Chegar é um momento de parada. E, numa carreira profissional, parar está fora de cogitação. Exatamente quando você conquista esta sensação de estabilidade, vêm os desafios em cascata para que você mantenha a sua progressão e a sua relevância no seu círculo de influência.
É preciso, antes de mais nada, ter a percepção clara de que você não conquistou a permanência das coisas. “Chegar lá”, a não ser para os poucos e abonados servidores públicos de alto escalão, com suas aposentadorias polpudas e garantidas, é uma ilusão com prazo de duração. Dura enquanto a estrutura ao seu redor se mantiver inalterada. Seja você empregado ou empreendedor, mantenha a mente alerta e os olhos bem abertos. Mexa-se. Observe as mudanças e busque, se possível, antecipar-se a elas. Aprenda novas técnicas e desenvolva novas habilidades.
Você deve estar pensando: “ainda sou novo, nem cheguei aos 50 anos, tenho tempo para aproveitar a maré boa”. Não tem. A maré é você quem precisa manter no nível, na profundidade certa e com a correnteza controlada. Pequenos e sutis movimento do mercado em que você atua podem ser seus próximos obstáculos. Um termo dito em uma reunião que você não conhecia pode ser um sintoma de defasagem. Vá descobrir o que é e para o que serve. Você pode vir a precisar. Lembro de quando um colega bem mais jovem me falou do TikTok. Talvez por pura sorte, me interessei.
Acho que pensei na minha neta, sei lá. Não demorou a aparecer um cliente com um pedido de peça criativa especialmente para o TikTok. Era para falar da importância de se fazer uma pausa no meio do dia para uma sesta, para prover mais saúde, disposição física e também manter o cérebro oxigenado e ativo. No dia seguinte eu já estava fuçando o tal do TikTok. Descobri uma tal Dancinha do Relógio, em que os participantes faziam movimentos com os braços imitando os ponteiros de um relógio. Pronto. Eu já tinha uma peça divertida e atraente para a tal peça do cliente. Os jovens da equipe da empresa ficaram impressionados. Daquele episódio em diante, sempre me chamavam para trocar ideias sobre peças diferenciadas. Eu não era mais um “corpo estranho” no ambiente deles.
Mas, antes mesmo que mudanças aconteçam, busque em você mesmo as mínimas mudanças de ânimo, de entrega e de entusiasmo no desenrolar do seu trabalho. Você ainda se sente motivado, desafiado? Ainda sente um friozinho na barriga antes de atacar um grande projeto desde o seu início? Está sempre envolvido nas decisões relevantes do seu departamento na empresa? A vida nos manda sinais. Mas, para percebê-los, precisamos estar sempre atentos.
Principalmente aos nossos próprios indícios de desgaste. Muitas vezes, sem se dar conta disso, você sinaliza para seus pares que está cansado ou desinteressado. Lembre-se de que o LÁ é uma ideia, um conceito, sem nenhuma relação com a vida real. Só existe na sua cabeça. Se você quer muito um lugar, só existe um realmente seguro e produtivo: o seu. Mantenha-o sempre ao alcance da sua vista.
Toninho Lima é publicitário, escritor, palestrante, líder criativo de diversas grandes agências. Nos últimos 30 anos, teve diversas participações em palestras, eventos e workshops em diversas entidades de classe e universidades, além de fazer parte do quadro de professores na Miami Ad School .
A busca pela performance e excelência precisa ser constante. Sempre é uma reflexão difícil e imprecisa, saber se estamos dando o máximo. Até porque o máximo, em muitos casos, hoje, é imensurável
Toninho Lima sempre perfeito.